quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Porno-felicidade

Ingrid & Armando formavam um feliz e estável casal. Tinham duas filhas e um filho, caçula, todos lindos, saudáveis e adoráveis. Ingrid era redatora de uma revista de moda e Armando, gerente de um fundo de investimentos. Trabalhavam muito. Sempre que podiam davam atenção aos filhos. Se chegavam tarde, com as crianças já na cama, era lei irem até eles, beijá-los e abraçá-los, mesmo que isso os fizesse acordar, já que eles, contentes de reverem seus pais de volta à casa, dormiam felizes e acordavam sempre dispostos e, na agitação da infância, tranquilos para irem à escola.
Para gozarem de maior privacidade, Ingrid & Armando se permitiam ir, todas as sextas-feiras à noite, sempre às custas de uma babá para cuidar dos filhos, a uma "farra", isto é, depois de um rápido e leve jantar, regado a champanhe, irem sempre ao mesmo motel de qualidade. Os recepcionistas e funcionários já os conheciam, sabiam de seus tempos e gostos, e antecipavam seus pedidos e exigências.
E no quesito sexo, Ingrid & Armando eram avançados. Prolongavam-se em noites quentes, transas repetidas, posições variadas, enfim, se "soltavam". E assim equilibrados entre uma vida familiar tranquila e um relacionamento sexual "quente", mesmo que uma vez por semana, Ingrid & Armando levavam a vida felizes.
Uma dessas sexta-feiras, no calor da relação, Ingrid atirou o sapato salto 12, bico fino, na direção de Armando que com destreza, rindo, desviou. O sapato seguiu seu caminho indo espatifar o espelho de corpo inteiro afixado na parede do quarto. Ingrid & Armando, então, descobriram que por trás desse espelho não se encontrava a fria parede e sim uma potente filmadora montada num bem fixado tripé. Sim, Ingrid & Armando eram filmados em tudo, tudo o que faziam na generosa alcova.
Tomados pela fúria, quase sem tempo para se vestirem, foram direto ao gerente do motel. Armando, aos murros e Ingrid, descalça a martelar o pobre gerente com o outro pé de sapato salto 12, bico fino bem na cabeça, exigiram do gerente uma explicação.
E ele deu. Com paciência, convidou o casal para seu escritório onde mostrou no monitor ali instalado, trechos de quentíssimas transas dos mais diferentes casais, inclusive o deles, para concluir: vocês, de todos os que frequentam esse motel, são os mais populares.
Populares? Ingrid & Armando não conseguiam acreditar. Momentos de intensa paixão e amor eram compartilhados por platéias de privilegiados que pagavam caro em sessões restritas para se deliciarem.
No auge da estupefação, o gerente, limpando os lábios do sangue que saiu nos socos de Armando e examinando os que saia da cabeça por conta das sapatadas de Ingrid, sugeriu participação nos lucros, uma vez que as sessões de cinema secreto, no fundo do motel rendiam mais que a exploração do motel propriamente dito.
Estática, Ingrid olhou para Armando a seu lado e disse: "Sei lá, você quem sabe". Era a senha. Entre surpresos e desconfiados aceitaram a proposta.
Daí, a paixão se intensificou. Por mais misterioso que parece, o clima exibicionismo-voyaerismo serviu de combustível. Esse "reality-show", esse BBB só com sacanagem pegou o casal de chofre e os fez verdadeiros modelos para sacanagem de filme pornográfico. O dono do motel sorria, a plateia se deliciava.
Mas como não se pode manter a logística desse tipo de espetáculo sozinho, havia funcionários trabalhando, e um funcionário arranjou um jeito de "piratear" os filminhos. E aí as cenas calientes dos casais performers, Ingrid & Armando inclusive, começaram a veicular por aí.
Um dia, o caçula foi convidado para assistir um filme de sacanagem que um dos amigos roubou da videoteca do pai...